Por Hannah Brockhaus
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10 de jun de 2025 às 14:26
A irmã Maria Gloria Riva, das Freiras da Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento, falou sobre a importância de trabalhar com a eternidade em mente em palestra ontem (9) no Vaticano, um caso altamente incomum de uma leiga falando publicamente ao papa sobre assuntos espirituais.
A freira, de 66 anos de idade, de um mosteiro de clausura e contemplação de San Marino, enclave independente na Itália, foi a palestrante convidada para o Jubileu da Santa Sé, parte do Ano Jubilar da Esperança de 2025 da Igreja.
“A eternidade está diante de nós. Se trabalharmos por horizontes medíocres e de curto prazo, trabalharemos em vão”, disse Riva ontem em sua meditação ao papa Leão XIV, cardeais, bispos e outros funcionários da Santa Sé e da Cúria Romana.
A participação da freira foi planejada pelo Dicastério para a Evangelização com o papa Francisco antes de ele morrer.
A palestra de Riva foi seguida por uma procissão pela porta santa, liderada por Leão XIV, que carregou a cruz do jubileu como um peregrino comum, da aula Paulo VI do Vaticano até a basílica de São Pedro, onde então celebrou a missa na festa de Nossa Senhora, Mãe da Igreja.
Em sua homilia, o papa enfatizou a necessidade de carregar a própria cruz para ser frutífero.
“Toda a fecundidade da Igreja e da Santa Sé depende da Cruz de Cristo. Caso contrário, é só aparência, se não pior”, disse Leão XIV.
“A Santa Sé é santa como a Igreja é santa, em seu núcleo original, na própria essência do seu ser. A Sé Apostólica conserva a santidade das suas raízes enquanto é guardada por elas. Mas não é menos verdade que ela vive também na santidade de cada um dos seus membros. Portanto, a melhor maneira de servir a Santa Sé é esforçarmo-nos por ser santos, cada um de nós segundo o seu estado de vida e a tarefa que nos é confiada”, disse também o papa.
Falando sobre o dia da festa litúrgica de Nossa Senhora, Mãe da Igreja, o papa conectou a fecundidade da Igreja e a fecundidade de Nossa Senhora, que, disse ele, “se realiza na existência dos seus membros, na medida em que revivem, em menor dimensão, o que a Mãe experimentou, isto é, amam segundo o amor de Jesus”.
“A fecundidade da Igreja está sempre ligada à graça que brota do Coração tresado de Jesus, junto com o sangue e a água, símbolos dos Sacramentos”, disse também Leão XIV.
Segundo o papa, Nossa Senhora, como memória viva de Jesus, também garante a unidade da oração dos discípulos no cenáculo no Pentecostes.
No relato de Pentecostes no livro bíblico dos Atos dos Apóstolos, “os apóstolos, também nesse texto, são elencados pelo nome, e como sempre o primeiro é Pedro (cf. v. 13). Mas ele próprio, efetivamente o primeiro, é apoiado por Maria no seu ministério”, destacou o papa.
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“Do mesmo modo, a Mãe Igreja apoia o ministério dos sucessores de Pedro com o carisma mariano. A Santa Sé experimenta de modo muito especial a copresença dos dois polos, o mariano e o petrino. E é o mariano que garante a fecundidade e a santidade do petrino”, disse Leão XIV.
Riva, autora e prolífica escritora espiritual, falou também sobre a direção do trabalho e da vida em sua reflexão. “Precisamos trabalhar pelo grande horizonte da vida que não morre: viver perguntando-nos a cada momento se o que fazemos nos conecta firmemente àquela verdade que é a caridade e a eternidade; isso é esperança”, destacou a freira.
“Nós, queridos irmãos e irmãs, sabemos para onde devemos correr: a corrida de João e Pedro em direção ao túmulo de Cristo é a única corrida que a Igreja e o mundo podem correr sem medo. É a corrida daqueles que sabem que a esperança está na vida verdadeira, na vida eterna”.
“O significado de um jubileu, é nos ajudar a pensar sobre as últimas coisas, a brevidade da existência e o significado de nossas vidas”, disse também ela.
A freira, que fundou sua comunidade monástica, que educa os fiéis sobre a adoração eucarística e "a paixão pela beleza que salva", falou sobre uma frase frequentemente repetida do autor russo Fiódor Dostoievski (1821-1881) de que "a beleza salvará o mundo".
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Essa citação está incorreta, disse ela, porque o príncipe Myshkin, no romance “O Idiota”, na verdade pergunta: “Que beleza salvará o mundo?”
“O príncipe é confrontado com uma imagem terrível, uma pintura de Hans Holbein, ‘O Corpo de Cristo Morto no Túmulo’. A pintura, também chamada de ‘Cristo Morto’, “é um Cristo em tamanho real, com olhos fundos e membros já mostrando sinais de necrose”, disse Riva.
“Então a questão é séria. Que beleza salvará o mundo? A beleza da cruz salvará o mundo? A beleza da derrota? A beleza da humilhação? Sim, a cruz ainda pode nos salvar. Em 2025, no homem pós-moderno, a grande salvação da cruz ainda existe. A cruz nos salvará”, enfatizou a freira.
Hannah Brockhaus é jornalista correspondente da CNA em Roma (Itália). Ela cresceu em Omaha, no estado americano de Nebraska e é formada em Inglês pela Truman State University no Missouri (EUA).