Por Daniel Payne
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29 de mai de 2025 às 15:49
O arcebispo emérito de Durban, África do Sul, cardeal Wilfrid Napier, disse esta semana que a Igreja pode liderar e ajudar a superar décadas de apartheid e divisão racial que continuam a dominar a vida em seu país.
O cardeal falou na última segunda-feira (26) ao jornalista Colm Flynn, da EWTN News, sobre os efeitos persistentes do apartheid, que por décadas impôs uma rígida segregação racial na África do Sul.
Embora o sistema de segregação racial tenha sido amplamente abolido no início da década de 1990, “as estruturas do apartheid que foram colocadas em prática não podem ser revertidas”, disse Napier.
Os efeitos contínuos das políticas racistas, disse o cardeal, se manifestam na realidade das “igrejas dos municípios, paróquias dos municípios e nas paróquias de classe média e, às vezes, de classe alta” do país.
“Essa é a realidade na qual a Igreja tem que trabalhar”, disse o arcebispo, ressaltando que as “áreas muito carentes” são compostas principalmente por cidadãos negros, enquanto as áreas mais ricas são mais mistas.
A Igreja pode ajudar a “superar” essas circunstâncias historicamente injustas, disse ele, “garantindo que, quando temos reuniões diocesanas [e] estruturas diocesanas, recorramos a todas essas origens e reunamos as pessoas”.
Napier falou sobre sua participação em protestos anos atrás e seu medo de que a polícia pudesse abrir fogo contra ele e seus companheiros manifestantes.
“Às vezes, era sério assim. Porque decidimos, como Igreja, que não podemos ficar sentados nos bastidores e simplesmente rezar em nossas igrejas. Temos que ir às ruas”, disse ele.
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A África do Sul esteve recentemente nas notícias quando o presidente dos EUA, Donald Trump, ao receber o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, exibiu imagens de um comício sul-africano em que participantes gritavam "Matem os bôeres".
Respondendo sobre tais cânticos e slogans em eventos políticos sul-africanos que clamavam por violência e “revolução”, Napier disse que o slogan “Matem os Bôeres” era uma “canção de protesto”.
“A base disso foi que o governo tomou nossas terras. Eles deram essas terras para esses bôeres, esses africâneres, [e] eles não querem nos devolver... Nós as tomaremos de volta”, disse o arcebispo.
itindo que o progresso no país frequentemente assolado pela criminalidade estagnou nos últimos anos, o cardeal disse que a Igreja na África do Sul "deixou isso de lado" ao ceder grande parte do trabalho de reconciliação aos políticos.
Respondendo a Flynn sobre o estado geral da Igreja na África do Sul hoje, Napier disse que a Igreja, se quiser ter “um impacto na sociedade”, deve começar com “paróquias boas e fortes”.
“Se queremos ter paróquias boas e fortes, precisamos de famílias boas e fortes. Se queremos ter novas famílias boas e fortes, precisamos de casamentos bons e fortes. Para isso, precisamos de uma boa preparação para o casamento”, disse Napier.
“Acho que esse seria meu ponto de partida para dizer que, se quisermos causar impacto na sociedade, temos que analisar de onde a sociedade realmente tira sua força, e isso é da família, da comunidade da família”, disse o cardeal.
Daniel Payne é editor sênior da Catholic News Agency (CNA). Anteriormente, ele trabalhou no site de notícias College Fix e na agência de notícias Just the News. Ele mora no estado americano da Virgínia com sua família.